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Por
Joel CostaChefiada por João Manata, a Quina Guitars encarrega-se de tudo aquilo que uma guitarra precisa para que seja declarada apta para o rock, desde a sua restauração à revisão de hardware e electrónica.
Uma Ibanez PGM90HAM passou recentemente pelas hábeis mãos do nosso entrevistado, o que levou a Guitarrista a procurar saber um pouco mais acerca do processo de reabilitação do modelo de assinatura de Paul Gilbert, que deixou a sua assinatura nas costas do instrumento quando, há cerca de 20 anos, convidou o dono da guitarra para tocar uns solos de improviso num workshop da Ibanez e da Laney que ocorreu na cidade de Aveiro durante a digressão promocional do disco King of Clubs (1997). Este modelo de edição limitada foi criado para celebrar o 90º aniversário da empresa de Hoshino Gakki (1908-1998), que produz as guitarras Ibanez, com outros nomes como John Petrucci, Joe Satriani e Steve Vai a receberem simultaneamente modelos de assinatura.
Com topo em flamed maple, arestas em haliote e binding branco a percorrer um corpo em basswood aparafusado a um braço em maple e bubinga com headstock revertido e fingerboard de 24 trastes em ébano, o modelo vê atribuídos componentes como pickups DiMarzio, em que um par de humbuckers flanqueiam um único single-coil, uma ponte hardtail e a representação de dois f-holes pintados, com um potenciómetro de master volume e um switch de cinco posições instalado num deles.
Neste caso em particular, esta era uma guitarra de colecção que se encontrava estacionada há algum tempo, exigindo à Quina Guitars máxima atenção ao tipo de inconvenientes que surgem com maior frequência nestas situações. «Alguns instrumentos ficam parados ou guardados durante anos, sem a respectiva manutenção», começa por dizer João Manata. «A qualidade dos materiais utilizados na construção está relacionada com a durabilidade do instrumento. É aconselhável fazer uma manutenção regular para que o instrumento esteja apto a ser usado na sua melhor performance. Podem ocorrer alguns inconvenientes, tais como a oxidação do hardware, que por vezes dificulta os ajustes necessários num setup; desidratação das madeiras, nomeadamente a da escala; sujidade acumulada nos circuitos eléctricos, que pode provocar ruídos indesejados; trastes que perdem o brilho…» Os problemas não se ficam por aqui, como assegura Manata: «Em casos mais graves, podem surgir braços empenados, com trastes levantados e problemas de truss rod. Também parafusos que oxidam de tal forma que partem nas madeiras ou que impedem / dificultam a realização dos setups.»
Um dos desafios encarados pela Quina Guitars na recuperação do instrumento foi o nivelamento dos trastes. João Manata explica como se dá este processo: «O nivelamento de trastes é um dos factores que influencia a forma como um instrumento vai tocar. Uma guitarra com os trastes nivelados permite um setup com acção mais baixa. As cordas ficam mais próximas dos trastes, o que torna o instrumento mais fácil e confortável de se tocar. Numa guitarra que não tem os trastes nivelados, uns estão mais altos do que outros, provocando buzz ou obrigando a ter uma acção de cordas mais alta. Nivelar os trastes consiste em desbastar o metal para que fiquem todos alinhados, de forma rectilínea. Após o desbaste, é necessário trabalhá-los para que fiquem novamente arredondados e polidos. Alguns dos desafios no nivelamento incluem braços com empeno ou torção, braços com perfil mais fino ou madeiras mais instáveis e trastes levantados ou que não estejam bem inseridos nas ranhuras.»
No trabalho em questão, foi necessário separar o braço do corpo e a sua posterior reconexão. João Manata comenta as vantagens que o design bolt-on (em que o braço é aparafusado ao corpo) desempenhou no processo: «Permite, por exemplo, que o braço seja substituído mais facilmente em casos onde não seja possível a reparação. Quando necessário, permite corrigir o ângulo do braço em relação ao corpo com um neck shim. Neste caso, depois do trabalho de nivelamento / polimento de trastes, bem como da limpeza e lubrificação da escala, o braço voltou a ser instalado (após a limpeza do neck pocket e lubrificação dos parafusos).»
No tocante à electrónica, e porque se tratava de uma guitarra de colecção, bastou uma revisão do circuito eléctrico que passou pela «limpeza da sujidade acumulada nas cavidades, pickups, switch, entrada do jack e potenciómetros», como nos conta João Manata. Já no hardware e setup em geral, e com o objectivo de garantir máxima performance do instrumento, Manata esclarece, citando alguns exemplos: «Num setup é feita a limpeza e lubrificação de componentes, bem o ajuste do truss rod e do radius das selas da ponte; afinação das oitavas; ajuste da altura dos pickups em relação às cordas; limpeza e hidratação da escala; limpeza e polimento de trastes (quando necessário, faz-se o nivelamento); limpeza e manutenção do circuito eléctrico (exemplo dos switches e potenciómetros); ajustes na pestana; limpeza e lubrificação de afinadores, entre outros.» O mestre da Quina Guitars remata: «Todos os aspectos contam e fazem parte de uma equação. O somatório final vai determinar a sonoridade / timbre do instrumento e consequentemente o seu desempenho. É importante que o hardware esteja nas melhores condições para permitir qualquer tipo de ajuste que seja necessário.»
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