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Por
Diogo FerreiraEntre 1991, quando os Metallica lançaram Black Album, e 1994, quando deram início aos trabalhos para o registo sucessor, muitas mudanças ocorreram no mundo da música. Bruce Dickinson saiu dos Iron Maiden para se focar na sua brilhante carreira a solo, o grunge praticamente morria com o suicídio de Kurt Cobain, os Green Day e os The Offspring davam nova vida ao punk rock com Dookie e Smash, respectivamente, e o nu-metal dava os primeiros passos com Korn. No meio disto tudo, os Metallica iam reaparecer como uma verdadeira pedrada no charco que era o heavy metal cada vez mais ostracizado. Quando Load saiu em Junho de 1996, os rebeldes da Bay Area tinham cortado o cabelo, pintado os olhos e as unhas, passaram a usar casacos de peles e as raízes do thrash metal eram, para muitos, uma miragem.
Depois da grande promoção a Black Album, James Hetfield e Lars Ulrich voltavam à composição. Utilizando a metodologia de sempre com carradas de riffs gravados em cassetes na casa de James, seguiu-se depois a estadia na cave de Lars, onde os dois músicos examinavam e organizavam as ideias. «Todo esse material foi acumulado na estrada», explicou James. «Havia sacos e sacos de fitas com riffs… Coisas que tínhamos acumulado em cinco anos sem compor. Primeiro foi do tipo: ‘OK, vamos parar nas 20 músicas.’ Depois continuávamos e dizíamos: ‘Tudo bem, vamos parar nas 30.’ Foi uma loucura.»
Avançando-se para Maio de 1995, os Metallica entraram no estúdio The Plant para começarem a fazer o tracking do álbum novamente ao lado de Bob Rock. Ainda longe dos olhos e dos ouvidos do público, os titãs da Califórnia tinham como objectivo gravar músicas mais soltas, orgânicas e espontâneas, algo que Bob Rock ajudou a formular ao encorajar o quarteto a tocar em modo live para que novas experiências ao nível de sons e texturas pudessem ser feitas. «As novas músicas estavam mesmo a pedir um tipo de coisa mais solta e animada, e estabelecemos o nosso objectivo com este álbum, para tentarmos captar mais o espírito das músicas do que a preocupação com a cena técnica», disse Lars Ulrich.
Em Agosto de 1995 apresentavam 2×4 e Devil’s Dance ao vivo, mas um travão iria ser puxado em Novembro seguinte quando James recebeu a notícia de que o seu pai, Virgil, tinha cancro em estado avançado e que não sobreviveria. Sozinho, James foi para o Wyoming processar toda a informação. Nessa solidão, o vocalista escreveu algumas das letras mais emocionais e sinceras daquele que seria o próximo álbum de Metallica.
Quando o mestre do riff regressou ao The Plant percebeu que os seus colegas tinham aberto novos caminhos, com, por exemplo, Kirk Hammett a gravar algumas linhas de guitarra. Ainda assim, todos estavam sensíveis em relação ao facto de James olhar para isto como uma afronta e Bob garantiu que tais linhas seriam eliminadas se necessário. Após várias audições, James assumiu que havia mérito nessa nova abordagem e o trabalho seguiu em frente.
Inicialmente apontado para sair em Maio de 1996 (data imposta pela editora com medo que as sessões de estúdio se prolongassem eternamente), Load saiu finalmente a 4 de Junho desse ano. A banda estava relaxada e o novo registo soava poderoso, mas havia uma mudança muito pronunciada na forma como se encaixavam outras influências que não apenas o thrash metal energético que os deu a conhecer ao mundo. Hard rock dos 1970s era um dos novos tratamentos sonoros, sendo impossível não se fazerem comparações subtis a Aerosmith, ZZ Top e Lynyrd Skynyrd.
Acto contínuo, Lars foi confrontado com a ideia de que a sua banda estava a tornar-se mais mainstream e respeitável. O baterista reagiu: «Levamos com isso há anos. Quando pusemos a Fade to Black no Ride the Lightning, as pessoas diziam que os Slayer eram a alternativa aos Metallica porque estávamos a tocar aquele lixo acústico. As pessoas deviam mexer-se para nos derrubarem. Do tipo: aqui está uma guitarra – surpreende-nos se achas que consegues.»
A reacção dos fãs foi mista. Para alguns, a adopção de elementos sonoros dos 1970s era uma traição às raízes do heavy metal, e tudo piorava quando o quarteto se apresentava com cabelos curtos, eyeliner, camisas justas e, no caso de Lars, casacos de peles e piercings nos mamilos. Os Metallica viam nesta nova imagética um renascimento, mas a velha-guarda assumiu precisamente o contrário: a morte da banda com quem cresceram. Kirk Hammett defendeu-se: «Acho que fizemos um álbum bom como o c*ralho, e as pessoas não vão desistir da nossa música, mesmo que pensem que parecemos homossexuais. No final, tudo começa e acaba com a música. Acho que agora somos muito mais do que uma banda de heavy metal.»
Olhando-se para trás, para um álbum que foi crescendo no âmago da comunidade metal à medida que os próprios fãs também cresciam e ficavam adultos, algumas indignações parecem agora exageradas. Mesmo que algumas faixas possam levar com o rótulo de descartáveis, não podemos ignorar excelentes composições como Ain’t My Bitch, Until It Sleeps, Bleeding Me e The Outlaw Torn, estas duas últimas que seriam imortalizadas no S&M de 1999.
Satisfeitos com o que fizeram, Lars admite que nem tudo foi perfeito. «O material de Load / Reload poderia ter levado um pouco de edição, mas quando o James e eu acabámos a escrever 27 músicas para aquele álbum no Outono de 1995, íamos certamente pôr as 27 num álbum. Em retrospectiva, o mundo dar-se-ia bem com 12 ou 15 a menos? Provavelmente, mas naquela altura não tínhamos um botão de edição no nosso painel.» James corrobora, ainda que de maneira mais directa: «Há ali algumas excelentes músicas que poderiam ter sido melhores se a capa e as fotos fossem diferentes, acho eu. Muitos fãs desligaram-se um pouco da música, mas principalmente, acho eu, da imagem. Simplesmente não funciona. Temos absolutamente de evoluir, mas evoluamos naturalmente. Não me pareceu natural.»
Sempre vocal e como maior defensor da sua dama, Lars teve algo mais a dizer sobre Load e aquela época, rematando: «Pareceu um grande ‘f*da-se’. Não para os fãs, mas mais para o elemento conservador que corria pela comunidade do heavy metal, a previsibilidade de tudo isso. Foi um desafio para a comunidade do heavy metal, e estou orgulhoso disso, porque de vez em quando a comunidade do heavy metal precisa de um c*ralho de um bom pontapé no cu.»
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