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Budda Guedes & Futone Guitars: Blues ao ataque!

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Budda Guedes

BUDDA BLUES

É frequente descrevermos a guitarra como um machado de guerra, e se quisermos realmente ir em frente com este tipo de analogia então teremos que deixar cair por terra o primitivo machado, pois a Budda Blues Guitar é um autêntico canhão!

A história que aqui vamos contar tem dois protagonistas. De um lado temos Paulo Gonçalves, o fundador da marca portuguesa de guitarras boutique Futone Guitars e responsável pela construção do instrumento. Do outro, Budda Guedes; uma espécie de condutor eléctrico dos Budda Power Blues e a mente por detrás desta criação única, e é precisamente Budda quem toma a palavra. «Experimentei uma guitarra feita pelo Paulo. Foi uma Pontedra, e gostei muito da construção e do Paulo, que é um tipo altamente.» Percebe-se o porquê do modelo da Futone Guitars ter captado a atenção de Budda Guedes, tal é a sensualidade das suas curvas complementada com uma conjugação original que abraça um estilo retro com toques modernos. «Durante a pandemia falamos sobre a hipótese de construir um modelo de assinatura», continua Budda. «Tinha uma série de ideias que nenhuma guitarra no mercado oferecia. Começámos a falar sobre isto e o Paulo fez-me um inquérito, com algumas perguntas relacionadas com música e outras nem por isso, como exemplos de objectos de design de que eu gostasse e coisas desse género. Fui respondendo e o primeiro desenho que o Paulo me enviou foi este. Feito à primeira! [risos] Tudo o que eu queria estava nesta guitarra.»

Original é um adjectivo que assenta que nem uma luva à Futone Guitars, tal é a colecção de modelos que unem a tradição a elementos contemporâneos e arrojados. «O meu percurso não está ligado à construção de guitarras nem à música, pois sou designer industrial», conta-nos Paulo Gonçalves a partir da sua oficina. «As guitarras apareceram na minha vida posteriormente, pelo que este processo de construção de guitarras nunca foi visto por mim como uma vontade de criar instrumentos tradicionais. Devido à minha ligação ao design, se fosse para fazer algo então seriam sempre modelos originais. Como venho da área do design, cada vez que olho para um modelo novo dá-me gosto vê-lo como um objecto ou produto de design.» Quando a criatividade e originalidade entram na equação, não é de estranhar que as criações vindas da Futone não se deixem aprisionar por um conjunto específico de características, permitindo aos modelos variar na selecção de madeiras e do próprio hardware. «Quando estou no processo de desenho das guitarras nunca penso que a quero fazer só com humbuckers ou só com single-coils», explica. «Já que estamos a construir uma guitarra original, porque não dar logo essa opção ao músico? Não lhe podemos dizer que não pode trocar os pickups ou a madeira. Seria diferente se estivéssemos a vender guitarras de stock, mas neste caso sinto que faz mais sentido dar oportunidade aos músicos de adaptarem o instrumento dentro das possibilidades de cada modelo.» Sobre a concepção da Budda Blues, Gonçalves define o processo como «uma sinergia óptima». «Foi uma guitarra que passou pelas mãos do músico nas várias fases, com vários protótipos, até a podermos considerar aprovada. É um instrumento de trabalho, de um músico profissional que faz disto vida.» «O Paulo entendeu bem o que eu queria», acrescenta Budda Guedes. «As referências eram os anos 50, com art déco, Bigsby e todas aquelas coisas que já não vês em guitarras como esta. Queria uma coisa clássica mas ao mesmo tempo contemporânea. Queria uma escala Fender com 25,5″ de comprimento, dois single-coils género Strat e uma ponte Tele; uma espécie de híbrido entre uma Stratocaster e uma Telecaster, em que não pretendia o corpo de uma nem da outra. Estava ali entre uma Les Paul Special ou uma Firebird, algo mais dentro desse universo estético. O Paulo apresentou-me então este modelo e eu adorei.»

Uma delícia para os olhos, a Budda Blues atrai desde logo a nossa atenção para o que parece ser um circuito bastante complexo, e que ao mesmo tempo nos deixa adivinhar a oferta explosiva de variedade sónica que dali pode sair. «Esta guitarra tem uma série de opções», explica Budda. «Utilizo muito o fora-de-fase entre o braço e a ponte, e tenho algumas guitarras que oferecem essa possibilidade mas em que é necessário seleccionar uma posição que faça essa ligação. Pretendia uma guitarra que oferecesse um switch directo para o fora-de-fase, independentemente da posição do selector de pickups. Ou seja, ter um switch directo para ligar o pickup do braço e o da ponte com blend entre um e outro, e que me permitisse pré-definir a mistura desejada e obter essa sonoridade no imediato. Tem também dois treble bleeds e a hipótese de não o ter, porque às vezes funciona numa sala mas noutra já não, porque a sala é mais brilhante ou algo do género. São muitas as opções mas que depois na realidade se traduzem numa guitarra muito simples porque são presets, ou seja, defines o que a guitarra vai fazer e não mexes mais.» Embora seja dotada de uma configuração muito específica, o modelo de Budda Guedes está à venda na loja online da Futone, o que levanta a questão de a guitarra poder apelar ou não ao interesse do público. «É facílimo entender a guitarra», garante Budda Guedes. «Pode parecer um pouco estranha, tal como a Fender Jaguar, que tem um circuito diferente para quem esteja mais habituado, por exemplo, a uma Les Paul ou a uma Stratocaster. A questão é que a guitarra possui várias opções que podes não usar, ou seja, se não usares nada é como se os switches não existissem, e se os quiseres usar eles estão lá. O Paulo está a desenvolver uma versão a que chama Stripped-Down, com muito menos opções, precisamente para ser uma guitarra mais convencional.» Para Budda, a quantidade de botões disponíveis no seu modelo de assinatura é essencial não só para a gama sonora mas também por uma questão de estética. «Gosto daquela artilharia toda da Jaguar ou da Jazzmaster… Lá está, os modelos dos anos 50 e 60, quando andavam a experimentar montes de coisas. A última guitarra do Les Paul tem montes de switches fora-de-fase e tudo o mais… Gosto da ideia de ter uma guitarra tipo Frankenstein, cheia de parafernália. [risos] Mas sobretudo gosto de ter uma guitarra versátil e que me dê opções quando vou tocar sem grandes pedais, ou quando vou fazer uma sessão ou tocar com alguém e não sei exactamente o que vou tocar, esta guitarra dá-me 90% daquilo que quero fazer. Tem também um TBX no lugar do tone, que é um sistema da Fender, e que basicamente atribui duas funções ao tone. Para um lado dá-te um timbre normal, que corta agudos mas de uma forma que gosto bastante, e para o outro corta um bocadinho de graves e dá-lhe mais brilho. O master tone permite depois controlar essa questão do feeling da guitarra, se vai ser mais brilhante, mais quente ou mais escura. Acaba por ser uma ferramenta muito mais prática. No fundo, é uma guitarra super simples e é assim que tem de ser pois não poderia ter uma guitarra complexa. Como canto e toco ao mesmo tempo, tenho que ter as ferramentas à mão para que possa fazer um só click e obter a sonoridade que pretendo.» O resultado é uma paleta única de cores sónicas, com um só slide a substituir o que poderia ter sido um selector de seis posições, e outro que, tal como o guitarrista explicou, permite alternar entre duas opções de treble bleeds.

Explicado que está o circuito, Budda Guedes admite que complicado foi mesmo a escolha da cor, acabando por se decidir no tom amarelado clássico da Telecaster. «A cor foi talvez o mais difícil de escolher. Chegamos a pensar em madeira natural pois o Paulo não gosta muito de pintar, de fazer nitros e tudo o mais, tanto é que o modelo Stripped-Down foi construído em samba, que é uma madeira incrível e super leve, e já é meio amarelada mas é natural. Este acabamento é em nitro e exige muito trabalho. A guitarra é muito influenciada na Strat e na Tele, assim como nos apetrechos e nos próprios metais da Jaguar. Os switches são Fender Jaguar, assim como os potenciómetros acima, que foram influenciados no circuito da Jaguar. Tem também uma influência grande da Firebird, com a zona central mais elevada, e da Les Paul Special TV Yellow, ou seja, andávamos à volta de um tom creme ou TV Yellow. Com Budda Power Blues uso sempre um outfit específico e jazzy, assim vistoso, e tinha que ser uma cor que não colidisse com isso e que funcionasse com outras cores. Então fomos para uma cor que fosse o mais abrangente possível mas que fosse interessante, e como a minha ideia eram as cores típicas dos anos 50 acabamos por ir para esta, que é menos marcante e adoro. É das cores que mais gosto.» Paulo Gonçalves corrobora a afirmação de Budda Guedes no que diz respeito à opinião sobre o trabalho de pintura. «Prefiro acabar sempre as guitarras a óleo. Nitro e acabamentos em verniz, se puder evitar, melhor. [risos]»

Fabricante: Futone Guitars
Braço: Maple com Rosewood Indiano e escala de 25,1″ com radius de 9,5″-12″. Os trastes em níquel Jescar 55090 adornam o braço com acabamento a óleo, e o headstock surge com a mesma cor encontrada no corpo.
Corpo: Construção em Swamp Ash, com possibilidade de substituição por Paulownia ou Red Alder. Recebe um acabamento em nitro Butterscotch.
Hardware: Ponte Gotoh com tuners Sperzel e straps Schaller S-Lock. Switches Switchcraft com potenciómetro de tone TBX e switch de seis posições Freeway com tremolo Duesenberg.
Electrónica: Pickups Haussel.
Preço: €2380,00

FENDER OU GIBSON?

«Fender, sem dúvida. Adoro Gibson mas não sei tocar com Gibson. [risos] Adoro as guitarras, o desenho é incrível, mas nunca é o meu som. Tenho várias, uma Les Paul Special, Firebird, Les Paul… E gosto, mas não sou eu nestas guitarras. Uso-as como efeito. Quando quero aquele som, vou buscar essas guitarras, mas sou muito mais Tele ou Strat. O single-coil é muito mais expressivo e o humbucker já é gordo e médio, e não consigo fazê-lo soar claro e brilhante. Com o single-coil consigo sempre adicionar mais overdrive ou clean boost, que faz com que engorde mais o timbre, e tens sempre hipótese de voltar atrás. Dito isto, experimentei uma Les Paul de ’59 em Israel e foi incrível. Parecia uma Telecaster. Tirava o volume e ficava brilhante e se lhe desse volume era uma Les Paul. No entanto não é o meu ADN, especialmente para Budda Power Blues, que é onde esta guitarra se destina. Com Trio Pagú, por exemplo, toco com archtops, com semi-hollows, e aí já é ao contrário, já prefiro humbuckers para obter um som mais quentinho e suave, pois estou à procura de um som mais jazzístico. Aqui o single-coil é menos apetecível apesar de ser possível fechar o agudo quase todo com o tone, e acabas por conseguir chegar a um timbre jazzístico muito interessante.»

UMA QUESTÃO DE GOSTO

As madeiras escolhidas para dar vida à Budda Blues são relativamente comuns, escolha que contrasta com o visual excêntrico que a define. Quando questionado sobre a hipótese de arriscar com a escolha de materiais menos convencionais, Budda Guedes revela que foram conduzidas algumas experiências. «Eu tenho um endorsement da Knaggs, que é a marca boutique americana do Joe Knaggs, que foi CEO da PRS durante muitos anos. Quando a PRS começou a produzir guitarras na Coreia do Sul, ele não concordou com essa decisão e saiu da empresa. Tenho duas guitarras feitas por ele mas são modelos relativamente padrão, com algumas customizações de electrónica simples. Essas guitarras são ash; uma com maple na escala e outra com rosewood. Utilizo a de maple com mais frequência porque tem tremolo, mas gosto mais da rosewood, pelo que ficou logo definido que iria ser rosewood. Depois, como este é um protótipo saído das nossas cabeças, da minha imaginação e depois da compreensão dessa imaginação pelo Paulo e da criatividade dele, achei por bem fazermos uma coisa que, se corresse alguma coisa mal, pudéssemos perceber de onde vinha o problema. Se não tivéssemos um ponto comum, como as madeiras, andaríamos sempre à procura da origem do problema; se a guitarra era escura ou brilhante por causa do pickup, ou da electrónica, ou da ponte… Assim acabamos por simplificar. O Paulo inicialmente até escolheu os pickups de um luthier alemão e acabamos agora por trocar por uns Lindy Fralin, que é o que uso nas minhas Knaggs, precisamente para termos mais um ponto comum e perceber o que cada guitarra faz com o mesmo pickup, pois são tantas variáveis que se torna muito difícil de perceber de onde vem o problema ou algo que resulta. A guitarra vai na versão 2.1, sendo o segundo corpo e braço com revisão da electrónica e em algumas partes, como o fretboard e o acabamento, e já está muito mais próxima daquilo que eu quero.» Segundo Budda Guedes, o derradeiro teste ao seu modelo de assinatura acontecerá apenas quando o instrumento se estrear nos palcos. «Ainda não toquei ao vivo com ela», lamenta. «É uma guitarra para tocar ao vivo. Tem apontamentos como o glow in the dark na lateral do fretboard, pois acontece nos concertos estar a tocar e as luzes apagarem no fim de uma música. Então chega a música seguinte e sabes lá onde é que vais tocar… [risos] Tem uma série de pormenores muito simples mas muito funcionais. O tremolo, por exemplo, que é mais na onda de um Bigsby, não obriga a existência de cavidade no corpo e permite ter uma ponte de Telecaster. Tem locking tuners por causa disso, pestana TUSQ, que é um material auto-lubrificante, e uma série de funcionalidades para poder tocar. Não é só uma guitarra bonita.»

A Budda Blues é, de facto, uma guitarra fabulosa, com a área reservada à ponte a saltar desde logo à vista. O guitarrista fala da importância da ponte para a sua música. «Gosto muito do pickup da ponte das Telecaster, e isso acontece por dois motivos, que é por estar montado numa placa de metal incorporada na ponte e onde as cordas também vibram, e também o próprio pickup da Telecaster que é diferente de uma Stratocaster. As minhas Knaggs têm uma ponte parecida à das Tele mas nunca consegui ter uma ponte com tremolo em que coubesse um pickup da Telecaster, que é um pouco mais largo e comprido do que o de uma Strat. Queria ter um som Tele no pickup da ponte e um som Strat no braço e então fomos pelo óbvio, com os três saddles em latão e a capa Ashtray, e quando recebi a guitarra ficou garantido que soava mesmo como uma Telecaster.»

Versão Stripped-Down da Budda Blues: Budda Blues Guitar Junior

OS INCRÍVEIS ANOS 50

«É uma era incrível», diz-nos Budda Guedes. «Uma era incrível de design, em tudo. Na arquitectura, no design, mobiliário, automóvel… No questionário que o Paulo me fez falava disso, das máquinas fotográficas, os carros, os microfones… Acho que nos anos 50 se atingiu um nível de excentricidade mas ao mesmo tempo de sobriedade.»

No que às influências musicais diz respeito, o músico confessa a excepção deste período pós-guerra, saltando uma década para que nomes como Jimi Hendrix, Jimmy Page e os Deep Purple de Ritchie Blackmore contribuíssem para a aproximação ao instrumento de seis cordas. «As minhas influências são posteriores», admite. «Essa era da música é para mim a mais marcante.»

PANDEMIA

De volta a 2021, Budda Guedes fala-nos dos seus planos para o segundo semestre de mais um ano marcado pelas consequências da pandemia, mais evidentes no sector da cultura, mantendo a esperança de que 2022 possa acontecer livre de confinamentos. «Lançámos um novo álbum chamado The Blues Experience II, que logo com este nome podes ficar a conhecer as minhas influências. [risos] Tocámos com a Maria João e temos uma série de concertos já marcados, felizmente. Estamos a gravar Trio Pagú, que é a minha banda de bossa nova MPB, e estou a fazer um disco chamado Portugal desde a Raíz, com o apoio do Ministério da Cultura, com um fundo de incentivo às empresas para combater a crise provocada pela pandemia, e é um disco em que visito oito artistas nacionais de música tradicional para juntos compormos uma música e gravarmos. Vai sair um documentário, vídeos e depois um disco.» Perguntámos a Budda Guedes se, enquanto artista, se considerava apoiado por Portugal. A resposta surgiu imediatamente: «Não. Não, não, não sinto nada. Apesar de ter recebido este apoio, tem uma série de deficiências que não me permitem ganhar dinheiro com este disco. Não é uma quantia pequena mas desse valor não podes ganhar dinheiro pelo teu trabalho. Só podes pagar aos artistas que contratas, mas eu, que estou a produzir, a gravar, a compor, a ir aos sítios, marcar as coisas, não posso tirar nenhuma parte. São aquelas coisas do Estado com medo que uns façam corrupção e lixam a vida a todos em vez de fiscalizarem. Tirando isso, ainda assim, aproveitei o facto de ter esse apoio do Estado para fazer este disco, que era para mim um sonho, e que nunca teria os meios financeiros para o fazer sozinho, e pelo menos com este orçamento tenho o prazer de entrar nesta aventura super enriquecedora para mim.»

FUTONE

Paulo Gonçalves, da Futone Guitars

Se vamos gastar a palavra “original”, então que seja com a Futone Guitars, que combina a tradição com designs pensados fora-da-caixa. Um dos melhores exemplos que podemos usar para atestar esta afirmação é o modelo Lince. Inspirado na viola braguesa, um instrumento tradicional que remonta ao Século XVII, e reimaginado pela mente criativa de Paulo Gonçalves, o resultado é uma guitarra compacta e cheia de cor que, como seria de esperar daquilo que já conhecemos da Futone Guitars, é disponibilizada com uma batelada de opções, em que se inclui a existência ou não de cutaway, configurada com um ou dois humbuckers, e até mesmo a inclusão de pickups P90 se o cliente estiver para aí virado. Paulo Gonçalves explica-nos o conceito por detrás de uma das suas criações mais ousadas: «Nos meus tempos livres faço pesquisa de modelos tradicionais e de guitarras eléctricas de marcas mais obscuras. A viola braguesa é muito interessante porque tem uma forma versátil para se trabalhar e em termos de desenho pareceu-me interessante para criar um modelo que seria o Lince, com o nome inspirado no lince ibérico, e que o guitarrista pudesse tornar seu. É um modelo que se adapta bem ergonomicamente à guitarra eléctrica, também.» A personalização das guitarras estende-se às madeiras utilizadas e ao hardware escolhido, uma prova de que a Futone Guitars não só não se prende aos conceitos convencionais como também não se deixa aprisionar pelas suas próprias interpretações do instrumento. «Quando estou no processo de desenho das guitarras nunca aconteceu pensar que quero fazer uma guitarra só com humbuckers ou com single-coils», explica. «Desenho as guitarras com base na sua potencialidade. Já que estamos a fazer uma guitarra de origem, porque não dar essa opção ao músico? Não faz sentido dizer-lhe que não pode trocar os pickups ou a madeira. Faz todo o sentido dar a oportunidade aos músicos de adaptarem o instrumento não só na electrónica e no cutaway mas também no braço e mesmo na escala. É uma mais-valia para os músicos e quero fazer ferramentas de trabalho. Quero que o músico tenha gosto em tocar aquele instrumento.» E quanto às madeiras? Estão os músicos em Portugal bem enquadrados no que à propriedade das madeiras diz respeito? «Depende do background do músico», começa Paulo Gonçalves por responder. «Daqueles com quem tenho falado, têm madeiras favoritas mas com base naquilo com que contactaram nas suas guitarras, e não por conhecimento. O mercado das guitarras eléctricas não é tão sensível quanto a isso como é o mercado das acústicas. Na eléctrica conta mais o peso que a madeira tem para a guitarra em geral, com o músico a escolher entre uma guitarra mais leve ou mais pesada, e não pelo tom em si.»

Apesar da versatilidade que a Futone oferece em termos de opções sónicas e de design, Paulo Gonçalves tem uma lista de componentes aos quais dá preferência na hora de escolher o hardware e os pickups. «Tenho tendência a escolher certos tipos de componentes que começo a usar e dos quais tenho uma boa resposta, pelo que sei que são fiáveis. Uso potenciómetros Bourns, gosto imenso de usar os pickups do Harry Häussel, que é alemão…Depois há outras coisas que gosto de ir experimentando, de trocar uma marca por outra… Gosto do hardware da Schaller, em termos de carrilhões, e depois há certo hardware que escolhemos consoante as gamas de preço que queremos atingir.»

Se sentes que um modelo de assinatura é aquilo que te falta e que a Futone Guitars te convenceu com a sua visão, então nada como contactar o Paulo Gonçalves através da página futoneguitars.com. «Tem um formulário de contacto directo ou podem iniciar a conversa através das redes sociais e partimos daí.»

Entrevista publicada originalmente na edição de Agosto/Setembro de 2021 da Guitarrista.

Editor da revista Guitarrista, da página Custom Guitar Makers, autor do livro "Kurt Cobain: A História Contada Em Guitarras" e ex-editor da Metal Hammer Portugal. Apaixonado por guitarras e com vasta experiência no mundo da música e relações públicas, tem dedicado a sua carreira a explorar e partilhar histórias e conhecimentos sobre este incrível instrumento.

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